O Reino do Amanhã
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Mensagem por Batman Sáb 10 Abr 2021 - 16:45

-Rasgar o véu...somente assim você verá
Então menino... o que você vê?

Era a voz doce do monge Shihan Matsuda. Mesmo sendo uma voz doce, o homem por detrás desta voz não era tão doce. Mesmo sendo um verdadeiro monge zen tibetano, fora consumido por sua paranoia. Ele e sua esposa moravam juntos em um antigo mosteiro em uma montanha no Tibet. Este homem que aparentava ter apenas 50 ou 60 anos, com seus cabelos ainda pretos, na realidade já estava vivo por 3 ou 4 vezes mais esse tempo. Antes um monge de Nanda Parbat agora um renegado que deixou seus deveres para viver em reclusão auto infligida . Foi esse tempo de vida que lhe ensinou a não confiar em ninguém sem ter uma contramedida. ele viu muitos de seus antigos alunos se virando contra ele, e tentando obter dele os segredos que ele carregava. Desde então jurou não treinar mais ninguém, mas... cá estava ele, treinando um jovem em busca de vingança, e tudo isso por sentir uma sensação de “destino” afinal esse jovem também foi um aluno em Nanda Parbat, e ele devia isso ao O-Sensei, ajudar esse jovem era como pagar suas dívidas.

-Rapaz... não perca seu tempo tentando forçar seu cérebro a “ver”. Somente liberando todas as tensões e relaxando seu “eu” você vera aquilo que precisa ser visto.

Esse senhor estava parado olhando fixamente para um jovem completamente imerso em agua dentro de um tanque de vidro transparente e completamente amarrado. Qualquer pessoa que visse essa cena pensaria em algum tipo de execução maluca perpetrada por este senhor, porem pessoas mais atentas perceberiam que o jovem estava com o semblante calmo, olhos fechados, seus movimentos eram mínimos e certeiros, a cada “clak” um osso era deslocado em seu pulso sem que ele mesmo mudasse sua expressão. Por fim o jovem se desamarrou sem abrir os olhos.

-Você ainda tem muito o que melhorar, 1 minuto é tempo demais. Além disso seus ossos estão fazendo muito alarde, você não disse que foi treinado por Kirigi? Oculte mais seus movimentos, controle a si e o caminho estará aberto para controlar os outros.

O jovem permaneceu com os olhos fechados se colocando em seiza no fundo do tanque espirando todo o ar dos pulmões para que pudesse permanecer tocando o fundo sem flutuar. Depois de permanecer assim por mais 1 minuto ele se colocou em lotus, era a hora de finalmente começar o treinamento real deste “mestre”. Mestre Shihan, era uma lenda, alguém que você não poderia encontrar só por que queria. Ele era um daqueles míticos mestres, que somente escolhidos poderiam encontrar. Ele era um mestre do controle da mante. Ele conseguia controlar seus impulsos e muito além disso. A lenda que cerca esse mestre esta repleta de seres místicos e míticos, aqueles que o procuram dizem que ele foi treinado no caminho zen por seres de luz, no caminho da mente por magos e no caminho da fé por deuses. Infelizmente Bruce, o jovem, não conheceu esse mítico professor, apenas encontrou esse homem paranoico, que não conseguia confiar nem mesmo em sua atual esposa.

-Menino, diga, o que você vê.............

De dentro do tanque Bruce escuta a voz de seu mestre, e ao se concentrar ele vê pensa:

Sangue no chão.


Era uma noite como outra qualquer. Gotham estava agitada, imersa em seus perversos prazeres. Em meio a essa devassidão um casal esta feliz com seu filho.
Este casal não era comum, era o casal de Gotham, os Wayne.

-Pai, por que temos de sair pela porta traseira do cinema? Todas as crianças e seus pais saíram pela frente.

O menino Bruce parecia realmente curioso sobre isso. Hoje era um dia especial, 1 vez por mês seus pais tiravam o dia para acompanha-lo em suas “aventuras”. Normalmente não programavam nada, na realidade era quase uma fuga, algo extremamente secreto, afinal de contas eles eram bilionários e por muitas vezes estiveram no caminho contrario dos poderosos dessa cidade, em especial os mafiosos, Thomas Wayne era um dos maiores combatentes quando o assunto era limpar a cidade. Suas doações para a secretaria de segurança já somavam milhares de dólares, se não existissem os desvios e a corrupção talvez essas doações tivessem feito Gotham uma cidade modelo. De qualquer forma, Thomas sempre foi uma pedra no caminho desses mafiosos, que dirá Lew Moxon que foi diretamente capturado por Thomas, alguns anos atras Thomas em conjunto com alguns bons policiais conseguiram armar uma cilada para o mafioso e o prenderam, conta a lenda que o Wayne estava infiltrado em um baile a fantasia e derrubou diretamente o homem. No entanto seu feito foi abafado, pois as manchetes só falavam da sua fantasia “Thomas Wayne vestido de morcego derrota Lew Vampiro Moxon, mostrando quem é o verdadeiro rei da noite” transformando um grande feito em algo até cómico.

-Filho, infelizmente não podemos ser como os outros, nossos enormes recursos nos trazem igual responsabilidade.

Bruce entendeu parcialmente o que seu pai estava dizendo, na realidade ele só pensava que seria mais fácil contratar seguranças ou mesmo um exercito se a questão fosse essa, no entanto seu pai preferia fazer tudo as escondidas, evitando o máximo de alarde, se existia uma palavra para descrever seu pai era elegância, mas não qualquer elegância, era mais como a dos lords ingleses, discretos e sagazes, os olhos de Bruce brilhavam sonhando com o dia que poderia ser como seu pai.

- Pare Thomas, não queria doutrinar seu filho agora, esse é o momento dele ser criança, é o dia dele. Já basta o regime de estudos e treinos que o menino tem que passar por suas paranoias.

Martha Wayne mãe de Bruce, enquanto seu pai era forte mas discreto, sua mãe era como uma estrela brilhante, o tipo de pessoa que domina a atmosfera de um local somente por estar lá. Além disso sua capacidade de observação era surreal. Sua mãe sempre foi uma aficionada em Sherlock Holmes, mas para Bruce, que também já havia lido toda a obra de Sir Arthur Conan Doyle, sua mãe era por dobras mais capaz que Sherlock, sua mãe tinha algo que ele não tinha, a capacidade que realmente faltou ao detetive, a capacidade de se misturar, sua mãe era como uma abelha rainha social, e ela lidava muito bem com isso.

- Pelo menos eu tento lhe passar conceitos morais e filosóficos, e você? Outro dia vi você ensinando nosso filho a identificar mensagens criptografadas em jornais e revistas... você acha isso normal?

Martha somente deu um sorriso que parecia ter congelado o tempo e apagado o entorno, Bruce e Thomas, não, melhor dizendo, até mesmo o vento quente que corria pelo beco parou só pra ver o sorriso dela, o céu cinza da cidade no inicio da noite parecia ter sido iluminado por um sol brilhante e quente. Thomas não lembrava mais o que estava dizendo enquanto Bruce só se preocupava em sentir o calor vindo do sorriso dela.

-Ora meninos, não façam essas caras de bobo, eu vou na frentem na esquina tem um pipoqueiro vou comprar pipoca pra gente.
Depois de dizer isso Martha se virou e andou a passos largos pelo grande beco, Thomas que estava meio agachado com as mãos nos ombros de Bruce, sorriu e disse a seu filho:

- Filho, quando alguém lhe fizer sentir como sua mãe te faz, nunca mais deixe escapar. Você dev..

- haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!

Infelizmente Thomas não teve a oportunidade de terminar o que estava prestes a falar um grito cortou o raciocínio do homem. Bruce foi jogado por seu pai para um canto do beco onde algumas latas de lixo estavam enquanto Thomas correu a toda velocidade sem um segundo de hesitação. Bruce não podia ver nada pois tudo aconteceu rápido demais, mas ele pode escutar o inconfundível som de tiros. Foram dois tiros, Bruce estava em pânico e se espremeu mais ainda entre as latas de lixo, seu medo o paralisou, ele queria correr para ajudar seu pai mas ele estava com muito medo, ele podia ouvir sons de vozes conversando, e risadas.

-Olhe ele ainda esta vivo, será que o chefe não quer que levemos ele pra lá?

Uma voz falava em tom de zombaria e a outra apenas respondia de forma sucinta:

- Não

O silencio ficou ainda por um curto período:

- Mas... ei Chill, essa aqui não é a Martha Wayne? A mesma das revistas? Hahahaha ela ainda tá quentinha, eu acho que vou usar um pouco esse corpinho hahahahaha.

Bruce escutava tudo, mas aquilo parecia um pesadelo, algo saído de contos de terror, ele só podia segurar sua própria cabeça com os olhos fechados e repetir pra si mesmo “eu vou acordar logo”.

-Haaaa, Uhhh, ei Chill, você não vai querer mesmo ahh....

O homem parecia estar imerso em prazer, mas logo um som já conhecido soou...

-BANG!!

-Realmente, como o chefe disse, esses loucos são fáceis de usar.

A voz do homem que gemia antes simplesmente sumiu, ela foi trocada por passos que se aproximavam do local onde Bruce estava. A cada passo Bruce sentia seu corpo enfraquecer, ele sentia sua cabeça rodar, seu mundo parecia estar desabando.

- Ei garoto, saia desse lixo, você não tem o orgulho dos Waynes?

Uma mão grande e forte puxou o menino do meio do lixo. Agora Bruce podia ver, seu pai estava caído no chão alguns metros a frente. Sua mãe estava encharcada em sangue, dela e do homem que estava deitado sobre ela. A mente de Bruce estava funcionando em uma velocidade absurda agora, eram muitas informações ao mesmo tempo, sua mente gritava “perigo”. Ele não sabia o que fazer, o homem estava mexendo em uma arma que ele havia tirado da cintura, era uma 22 comum, a mente de Bruce dizia que não foi essa arma que atirou antes, ele estava carregando 1 bala.

- É menino, sua sorte foi nascer em uma família rica, mas esse foi seu azar também, espero que possa me perdoar pelo que vou fazer agora... bem, de qualquer forma já preparei a cena da morte dos seus pais. Você vê aquela arma na mão do seu pai? Foi ela que tirou a vida do meu amigo ali, e a arma na mão do meu amigo foi a que tirou a vida do seu pai. Na realidade seu pai não morreu imediatamente, ele levou um tiro mas ainda seria possível usar a arma que ele tinha sabendo que o tiro que ele havia levado foi próximo ao peito. Os policiais vão tratar tudo isso como uma fatalidade, pois aquele meu amigo ali fugiu do sanatório a pouco tempo, não seria estranho ele fazer algo assim, na realidade, ele já fez antes. Bem, de qualquer forma você não viverá pra ver tudo isso. A eu esqueci, eu devia dizer algo para o seu pai mas ele morreu antes, hum.... você é um Wayne afinal, leve essa mensagem para o tumulo com você isso é um presentinho de um afilhado muito leal a seu padrinho. Maroni manda um olá em nome de seu padrinho Lew.

O homem preparou a arma para acertar o menino. A mente de Bruce estava uma bagunça e ele só pode fazer o que qualquer um faria nesse estado, ele gritou, o mais forte possível. O seu grito reverberou pelo beco, foi realmente alto, alto o suficiente para colocar o homem em alerta, o mais incrível foi o que aconteceu depois, uma pequena revoada de morcegos saiu dentre os prédios, de seus cantos escuros, por algum motivo aquilo fez o bandido perder o controle por alguns segundos, era como um milagre, os morcegos, fizeram o controle do homem sobre o menino diminuir, Bruce correu tentando retornar para porta traseira do cinema, o homem ainda estava gritando cercado por dezenas de morcegos. Bruce entrou pela porta caindo sobre seu próprio peso, e desmaiando de exaustão mental, na sua mente ele só via morcegos, morcegos por todas as partes, seu ultimo pensamento foi uma prece, para qualquer deus que quisesse ouvir:

“Que aqueles morcegos possam devorar aquele homem vivo”.

- Sem tempo pra esperar.

- Garoto, saia dai de dentro agora, eu já disse que estou sem tempo para esperar você morrer dentro desse tanque.

A voz do monge acordou Bruce, ele estava ali em um estado completo de meditação e controle, seu tempo dentro do tanque já beirava os 20 minutos, isso era muito além do recorde mundial da época. Bruce se impulsionou para cima e saiu do tanque, seu corpo ostentava dezenas de cicatrizes, era um mosaico de todo o treinamento que passara nos últimos anos.

- Então Garoto, achou sua resposta? Por que não tenho muito mais a te ensinar, agora você deve treinar no que ensinei, seu controle sobre si já está em um nível bastante elevado.

Bruce parou e lembrou de cada um de seus mestre. Todo esse caminho, tudo o que enfrentou, desde assassinos a ninjas, desde lutadores implacáveis a sabias do Tao. Agora, ele sentia que estava pronto pra realizar aquilo que deveria, ali com seu ultimo mestre.

-Bruce, você andou pelo mundo aprendendo tudo o que podia para iniciar a sua cruzada, até mesmo em Nanda Parbat você esteve, o local que eu, seu ultimo mestre, abandonei por fraqueza e medo, você terminou seu treinamento, você é digno. Então te pergunto agora aprendiz de vários mestres, o que você vê?

Bruce ainda molhado, lembra de sua ultima visão, dos morcegos que lhe salvaram a vida, ele lembra do medo no rosto do bandido, ele queria causar aquele terror, ele queria acabar com todos os criminosos, ele queria ser como aqueles morcegos que lhe salvaram, mas não somente salvar os indefesos, ele queria aterrorizar seus inimigos, leva-los ao desespero. Bruce finalmente abre seus olhos e diz a seu mestre:

- Eu vejo morcegos!
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